Filha do Sangue, Anne Bishop


Trilogia das Jóias Negras – 1º Volume

"Há setecentos anos atrás, num mundo governado por mulheres e onde os homens são meros súbditos, uma Viúva Negra profetizou a chegada de uma Rainha na sua teia de sonhos e visões.

Agora o Reino das Sombras prepara-se para a chegada dessa mulher, dessa Feiticeira que terá mais poder do que o próprio Senhor do Inferno. Mas a Rainha ainda é nova, passível de ser influenciada e corrompida. E quem controlar a Rainha controlará o mundo.

Três homens poderosos — inimigos de sangue — sabem isso. Saetan, Lucivar e Daemon apercebem-se do poder que se esconde por trás dos olhos azuis daquela menina inocente. E assim começa um jogo cruel, de política e intriga, magia e traição, onde as armas são o ódio e o amor. E o preço pode ser terrível e inimaginável."

Autor: Anne Bishop
Editora: Saída de Emergência

Resumo: A sugestão da sinopse imposta pela editora sugere que a personagem principal é uma rapariga chamada Jeanelle e que toda a história gira em torno dela. Na verdade, isto está aquém da experiência de leitura. O livro tem várias personagens principais e as diferentes histórias que giram em torno de cada uma dessas personagens unem-se para forma a história principal.

Jeanelle é uma jovem feiticeira que encerra um grande poder dentro de si mas ainda precisa de ser moldado. Para tal, ela torna-se aluna de um dos homens mais fortes deste universo, o Senhor Supremo do Inferno, que se apercebe do enorme poder da criança.

Saetan, o Senhor Supremo do Inferno, é o homem mais poderoso de sempre e que já serviu a grande Feiticeira anterior a Jeanelle. Tendo vivo muitos anos e achando-se já velho por ter de governar parte do mundo dos vivos e o mundo dos mortos, fica com os cabelos em pé quando vê na sua frente uma Feiticeira mais poderosa que a sua antecessora e sem qualquer habilidade para controlar os seus poderes.

Lucivar é um homem destinado à escravatura. Não se deixando submeter, é terrivelmente maltratado mas mesmo assim espera ansiosamente a chegada da grande Feiticeira que irá libertar o mundo de tanta tirania.

Daemon é irmão de Lucivar. Apesar de partilhar o mesmo destino do irmão, a forma como exerce a sua escravatura é mais submissa, desempenhando a função de escravo do prazer em várias cortes. Fingindo ser submisso, a verdade é que encerra um grande poder dentro de si que só poderá ser rivalizado por Saetan. Daemon anseia a chegada dessa Feiticeira e deseja tornar-se seu amante, no entanto vê o seu sonho mal parado quando descobre que a Feiticeira é ainda uma criança. Mas isto não o impedirá de se aproximar dela e de tentar seduzi-la, tentando criar vínculos para uma relação futura.

E assim começa a guerra que envolverá estes três homens com laços sanguíneos entre si, com o mesmo desejo de proteger a jovem criança mas com diferentes formas para o fazer e que, por vezes, se irão interpor no caminho uns dos outros, até resultar numa situação em que terão de unir forças se quiserem salvar a vida da pequena Jeanelle.

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Sobre o livro: Este é o primeiro livro da Trilogia das Jóias Negras, a obra que trouxe Anne Bishop ao palco das atenções em Portugal. Sendo o primeiro livro, muitos poderiam pensar que é só o “início” como uma introdução aos restantes volumes mas tal não é verdade.

Anne Bishop criou um mundo novo e único, dando-lhe forma, concebendo personagens únicas que caminham sobre esse mundo e escrevendo uma narrativa muito fantástica e imaginativa. A primeira impressão que o livro nos deixa é se trata de uma história fictícia e romântica que nos fazem lembrar de “As Brumas de Avalon” e muitas mais obras de Marion Zimmer Bradley. Porém, mais do que romance, esta obra transporta-nos para um mundo onde o romance reina na sua forma mais cruel e a história se transforma em vários fragmentos que é o leitor que os vai ligando aos poucos.

O mundo criado é um mundo onde reinam as mulheres, sendo entidades com o máximo poder concedido pelos céus. Toda a narrativa gira em torno de Jóias, pequenos objectivos que simbolizam o quão forte é cada personagem e a partir das quais são extraídos poderes mágicos. Até este ponto, esta obra poderia semelhar-se em muito a “O Senhor dos Anéis” e “Harry Potter” quer pela criação de um mundo e pela magia que se apresenta ao longo de toda a narrativa. Mas tudo neste mundo é forte, negro e obscuro. Os desejos humanos estão retratados na sua forma mais violenta ao mesmo tempo que torna tudo demasiado real.

Opinião: A história começa com meras referências ao que estará por vir. Muito vagas, diria eu, e desnecessárias para quem começou a entrar neste mundo. O que são as Jóias, os Sangue, as Tecedeiras e as Viúvas Negras? São as primeiras perguntas que se atravessam na mente e que permanecerão por mais uns quantos capítulos. Depois são apresentadas duas personagens que sabemos que serão personagens vitais para o desenrolar da história. Achei maçador o início pois tudo era incompreensível. A verdade é que este livro não nos capta a atenção pela sua história mas sim pelas personagens. A minha primeira relação com o livro foi uma das personagens que me levou a avançar na leitura e quando dei por mim o mundo estranho já se tinha tornado no mundo perfeitamente natural e realista e eu já estava a terminar o livro.

A história começa por se desenrolar numa velocidade lenta, facto que no início pode desmotivar, especialmente em partes paradas. Esta velocidade não muda ao longo da leitura, a diferença é que aprendemos a saboreá-la e a estimá-la. Por vezes dá a sensação que a história está a ser arrastada para levar o leitor a gostar mais das personagens e, se foi isso que Anne Bishop pretendia, conseguiu plenamente. Bem, isto acontece até chegar aos últimos capítulos do livro, nos quais esta lenta velocidade muda repentinamente, culminando num clímax sem igual e que nos deixa quase sem respirar.

Foi um livro que me apaixonou e foi uma experiência de leitura sem igual que tive nos últimos anos. É o início desta fantástica trilogia, ao mesmo tempo que é parte dela e uma das partes mais importantes. Nunca o irei esquecer e, se no futuro surgir oportunidade, voltarei a reler e a ficar encantada novamente.

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