Presságio de Fogo, Marion Zimmer Bradley


"Em “Presságio de Fogo”, Marion Zimmer Bradley, autora de “As Brumas de Avalon”, reimaginou a história da Guerra de Tróia e reconta-a do ponto de vista de Cassandra, a bela e atormentada princesa real de Tróia.

Na sua brilhante recriação da famosa lenda, a queda de Tróia desenrola-se de uma nova e ousada maneira a partir do julgamento de Páris, do rapto de Helena (esta não sendo aqui a perversa adúltera da lenda, mas sim uma mulher afectuosa e amante, dedicada a Páris e aos seus filhos) e do levantamento dos exércitos gregos por Agamemnon, cunhado enfurecido de Helena, até à tragédia final da destruição da cidade, predestinada pelos deuses e pelo obstinado orgulho dos seus líderes masculinos.

A heroína deste conto épico é Cassandra e a poderosa tensão do romance deriva tanto da luta interna, por ela travada, com as suas próprias lealdades divididas (visto que a sua lealdade ao pai, o rei e aos irmãos é contraposta à sua submissão crescente à fé mais antiga no Matriarcado e na Terra-Mãe), como do amargo conflito entre Troianos e Gregos, no qual prevê fantasmagoricamente a destruição ou a maldição do tudo o que lhe é querido, visto ter o poder da profecia.


Articulando o facto arqueológico com a lenda, os mitos dos deuses com os feitos dos heróis, o facto e a ficção, Marion Zimmer Bradley insufla uma vida nova, num conto antigo, reinventando para nós Aquiles, Eneias, Heitor, Pátroclo, Helena de Tróia, Ulisses, Agamemnon, Menelau como «pessoas» vivas, empenhadas numa luta desesperada que condena tanto os vencedores como os vencidos, sendo o seu destino visto através dos olhos de Cassandra, sacerdotisa, princesa e mulher apaixonada, com um espírito guerreiro!
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Autor: Marion Zimmer Bradley
Editora: Difel

Resumo: Marion Zimmer Bradley conta-nos a história da Guerra de Tróia na perspectiva de Cassandra, filha do rei Príamo. Tudo começa com o nascimento da pequena princesa e do seu irmão gémeo Páris, os quais são logo separados à nascença devido à crença de que gémeos trazem má sorte.

Ao longo da narrativa, acompanhamos o crescimento de Cassandra e a descoberta do seu dom profético que é ignorado por todos. Durante sua infância, ela vai viver com a sua tia no meio das guerreiras Amazonas e, ao voltar a casa, traz consigo a Princesa de Cálcis – Andrómaca, que se casa com Heitor.

Cassandra torna-se depois numa sacerdotisa de Apolo e vai narrando toda a Guerra de Tróia como uma personagem que, embora tenha visionado a guerra, também viveu e sofreu com ela.

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Opinião: Após “As Brumas de Avalon” quis experimentar uma nova narrativa desta autora. Desde já posso dizer que é fenomenal a forma como Marian Zimer Bradley consegue reconstruir histórias da perspectiva de personagens muito fortes e que sempre são encaradas por nós como personagens perturbadas. “As Brumas de Avalon” é-nos contado sobre a perspectiva de Morgaine e “Presságio de Fogo” é contado por Cassandra. Estas duas mulheres ganham aqui uma nova personalidade que nos fará envolver em torno delas como nunca imaginámos.

Nesta obra, Cassandra é uma princesa com o poder que lhe permite ter visões sobre futuros acontecimentos. Até aqui nada de novo porque é assim que começa aquilo que sabemos sobre a Guerra de Tróia. Tudo gira em torno de Cassandra que sendo uma mulher inteligente e poderosa, vive num mundo onde as mulheres são muito pouco consideradas. Cassandra tenta lutar contra isso sem grande sucesso e, quando vai viver com a tia e torna-se numa guerreira Amazona, ressuscita a sua esperança de vir a mudar a posição social das mulheres.

Após regressar a casa, ela transforma-se numa sacerdotisa de Apolo, o Deus que a tinha chamado até si quando era pequena e é então que começa a visionar a guerra que os Deuses estão a travar entre si e da qual resulta a guerra de Tróia também. O facto mais interessante que achei deste livro foi que a Guerra de Tróia não foi uma guerra feita por homens mas sim por Deuses.

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